POESIA & INSIGHTS
"A poesia não é minha. É como o vento, que só passa através de mim." Chico Xavier

domingo, 31 de maio de 2009

Meu time perdeu o jogo



É difícil a tarefa da retirada...
Torcida indo embora olhando pra baixo, time levou gol.
É dor ruim, chata, campo coberto de pontos de interrogação.
Na verdade não tinha nem campo, eu não tive chão.

Contradições, metaforismos.
O não encontro dos olhos e somente dos bits.

Difícil não ter chance de provar a teoria, de sair do poema escrito e chegar no tocado.

Virei Alice no país das maravilhas, entalada entre a porta da raiva e da compaixão,
entre vias que atropelaram meus sonhos e, com uma pedrada, me acordaram da realidade também.

Em São Conrado o tempo é bom, mas não deu pra voar.
Asas ficaram fechadas pra mim.
Fiz beicinho.

Terei que me contentar com a frieza que invade meu coração, ele que quer ser abandonado numa esquina qualquer de Copacabana.
Pra ser roubado.

Hoje pequenininha, suspirando o tempo todo, me conformo com a companhia das formigas. Batemos um papo sobre um ser inconformado,
sobre eu ser a pessoa certa e ver a outra certa escolher a errada e ir embora de sapatos...

Bem, formigas ficaram me olhando, quando uma resolveu sair da fila, largar sua folhinha e dizer:

"Trabalhe muito. Faça dessa energia que dedicastes intensamente ao amor, ao trabalho. E depois, a cada final de dia se recolha na sua caverninha e durma bem."

Sentei e fiquei observando aquele viver pelo dharma, sem questionar nada, aquele ritmo todo, aquela comunicação sem palavras e tampouco desentendimentos. Formiguinhas total na vibe da Gita.

Formigas todas certas umas com as outras. As erradas deviam ser as decapitadas pelo caminho, obstáculos da qual elas desviavam. Serei eu a errada, a próxima a ter a cabeça cortada?

Opa, borboleta amarela voa na minha volta.
Sinal que vento virou.
Hora de caminhar pra mais tarde abrir as asas e ...

Trabalhar.


(no ipod Satriani "Always with me, always with you". A formiguinha é você meu mano, que sempre me junta quando estou triste e cansada, e me traz de volta pro caminho)


Enviado de meu iPod

quarta-feira, 27 de maio de 2009

A pessoa certa - para Luis Fernando Veríssimo


Se eu ficar pensando bem, olhos bem abertos e bem fechados ao mesmo tempo, e me escorar em histórias da carochinha, eu construo a pessoa errada, porque é meu ego quem escolhe as peças e ele gosta de tudo o que o alimenta, e não o que alimenta a alma.

E amantes jogam com a alma; outros bronzeiam as dores, com o ego. Amantes são as pessoas certas. Só isso.

A pessoa errada não vai entender o que você fala, Luis. Com pessoas erradas muitas pessoas sofreram de amor no passado: talvez meus avós, seus avós. Tantas estórias onde o ego venceu e o coração ficou nas histórias de ficção. Tantos filmes....

Será que pessoas certas estão fadadas a viver eternamente dentro de pinturas dos artistas que ficaram com a pessoa errada? Ou tocadas nas composições daqueles que não aguentaram o estrago no meio do peito e se suicidaram? Onde estava a pessoa certa?

A pessoa certa estava tentando fazer dar certo com uma outra pessoa. Com a pessoa errada!

Na pessoa errada vemos um espaço para colocar nossos soldadinhos em pé e brincar de lutinha de amor, ver quem ganha, quem cai, quem levanta, quem lava a louça, não é mesmo? Desafio! A vida é tão tranquila, quem sabe guerrinha na hora que mais preciso de paz?

Entre pessoas erradas, um fala, o outro não escuta. E depois da paixão ter desistido e ter dado no pé, ficam muitas emoções sim, você tem razão! Mas ficam muitas emoções ruins, yang demais Luis, desacordos, cansaço, desamor. Desamor pela minha pessoa, porque como não consigo entrar no compasso da pessoa errada, que pensa e age e tudo mais diferente de mim, eu me recolho. E por amor ao outro, começo a duvidar da minha sanidade mental e procuro a terapia...

E aí me transformei na pessoa errada pra mim mesma, enquanto que a única coisa que eu queria era SER a certa...

Pessoas erradas voam longe demais Luis... Algumas não são nem pessoas.

Agora, não pense bem: sinta. Entre as pessoas certas fica o olhar que diz tudo, o silêncio que tudo sente, o respeito, porque eu sei o que o outro precisa quando eu também preciso do mesmo. A pessoa certa erra pra acertar, corre pra caminhar do teu lado, sorri pra te fazer chorar de rir.

A pessoa certa te dá tempo pra crescer, te apoia de todos os lados, e dá espaço pra você fazer o mesmo por ela. Entre pessoas certas, existe uma linguagem que a sociedade desconhece: a da entrega.

Minha geração cansou da pessoa errada, de misturar carência com pressão familiar e espremer amor disso tudo. Com o tempo, aprendemos a filosofar a vida, questionar a existência, olhar e ver o pôr do sol, percebendo no final disso tudo que o vazio aqui, carrega a busca errada, a falta de coragem de ir ali e dizer Eu te amo, pra pessoa certa.

Foram os sentimentos distorcidos que traíram o mundo: homens e mulheres que viveram mais em cima de uma cama chorando do que fazendo amor, e que cada vez que queriam algo diziam "Não. É errado", transformando aquela insatisfação em guerra.

Eu quero sim a pessoa certa, pra não dar trabalho. Trabalho pra quê? Quero amorzinho, cheirinho, risadas, besteiras, sanduíche ou pratos finos, hawaianas ou sapato de bico. Não me interessa se vier de carro ou a pé. Aliás, quero que a pessoa certa venha despida de tudo, com seus olhos brilhando quando me vê... Cansei de olhar pro céu e só enxergar nuvens...

Lembra Luis, da amada que ficou pra atrás, talvez lá no tempo do Roosevelt?
Ou estás casado com ela, com pessoa certa?




p.s. Leia abaixo o texto de L. F. Veríssimo, "A pessoa Errada".

(fotografia de Chantal Shantih James. Eu, entregue.)

domingo, 24 de maio de 2009

A Pessoa Errada - Luis Fernando Veríssimo



Pensando bem
Em tudo o que a gente vê, e vivencia
E ouve e pensa
Não existe uma pessoa certa pra gente
Existe uma pessoa
Que se você for parar pra pensar
É, na verdade, a pessoa errada.
Porque a pessoa certa
Faz tudo certinho
Chega na hora certa,
Fala as coisas certas,
Faz as coisas certas,
Mas nem sempre a gente tá precisando das coisas certas.
Aí é a hora de procurar a pessoa errada.
A pessoa errada te faz perder a cabeça
Fazer loucuras
Perder a hora
Morrer de amor
A pessoa errada vai ficar um dia sem te procurar
Que é pra na hora que vocês se encontrarem
A entrega ser muito mais verdadeira
A pessoa errada, é na verdade, aquilo que a gente chama de pessoa certa
Essa pessoa vai te fazer chorar
Mas uma hora depois vai estar enxugando suas lágrimas
Essa pessoa vai tirar seu sono
Mas vai te dar em troca uma noite de amor inesquecível
Essa pessoa talvez te magoe
E depois te enche de mimos pedindo seu perdão
Essa pessoa pode não estar 100% do tempo ao seu lado
Mas vai estar 100% da vida dela esperando você
Vai estar o tempo todo pensando em você.
A pessoa errada tem que aparecer pra todo mundo
Porque a vida não é certa
Nada aqui é certo
O que é certo mesmo, é que temos que viver
Cada momento
Cada segundo
Amando, sorrindo, chorando, emocionando, pensando, agindo,
querendo,conseguindo
E só assim
É possível chegar àquele momento do dia
Em que a gente diz: "Graças à Deus deu tudo certo"
Quando na verdade
Tudo o que ele quer
É que a gente encontre a pessoa errada
Pra que as coisas comecem a realmente funcionar direito pra gente...

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Shakti Yang!


Para as situações entre malucos.
Para os momentos que sinto muito e não quero entender.
Ou para os que não sinto nada, mas entendo.

Para os vácuos de sono.
Para a presença de vontade. A ausência de raiva. A risada disso tudo.

Para ter mais vento nos rosto, mais força nas pernas.
Enxergar menos com os olhos abertos e mais com eles fechados.

Para manter queixo baixo e peito aberto.
Para meditação.

Para ser uma boa pessoa, para seguir poetizando, voando!
Para ter compaixão e entender a luta também dos anjos.

Aqueles que correm de um lado para o outro, desesperadamente colocando desejos em dia,
obedecendo cada pensamento nosso, organizando sonhos, sem deixar cair o pinguim da geladeira.

Para agradecer as formas, mas aprender a manipular bondosamente os medrosos
porque neles moram a inocência, o carinho, a eternidade.

Para que meu tempo tenha mais de 24 horas, e minhas horas mais que um milhão de minutos.
Para que eu pare de caminhar, suba na minha bicicleta, e encare de vez o mundo.


(foto: Contrastes também no céu de New York City, 2009)

terça-feira, 19 de maio de 2009

Gita X / 8-11 - o suspiro


A mente corre constantemente praquilo que é meu objeto de amor.
Aquele que eu amo é o que me dá a plenitude, o ser completo que já sou.
Algumas vezes debocha, some. Sinto raiva, desisto.

Me apago da pintura que eu mesma fiz, e mesmo assim, tua cor dança incansavelmente ao redor dos meus panchamahabhuta, meu meio de conhecimento teu. São meus cinco sentidos que te transformam em lógica, mas minha intuição que me mantém insistindo...

Medito, fecho os olhos, suspiro: que Ganesha me leve até você sem que eu precise da forma, já que sinto tanto medo... Peço que te traga até mim.

A cada exalação meu foco se une àquele que me dá a benção da ação. Quanto karma... mas com entrega, com verdade, com paixão abençoada por Bhavan!

Não! Não existe qualquer tamah, ilusão, confusão, ou falsa interpretação. Já é o que é, é rico conhecimento, não falta dele. Pritipurvakam. Tenho certeza disso. Luz no objeto, com direito a música e tudo... vai, canta baixinho, só assim só eu te escuto, ninguém mais...

Quero escutar mais você, refletir você, te contemplar! Diz a Gita, que quando está tudo ali, jnanagni pega e o conhecimento acontece.

Eu vejo você em tudo, em coisas que me dá medo. Eu posso ver você? (Arjuna e eu perguntamos). Pensar em você, te ver? Eu sei que preciso entender que existe uma ordem. Mas como fazer você pensar em mim?

Mayashakti, pra ver consciência em todas as coisas, como posso te entender?
Eu quero, me diga (colocaria seu nome aqui, mas te protejo por amor)!!!

Fala "Krishnaaaaaa"!!!!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Na minha outra encarnação


Eu era Neruda, simplesmente.

"Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio ou flecha de cravos que propagam o fogo: te amo secretamente, entre a sombra e a alma. Te amo como a planta que não floresce e leva dentro de si, oculta, a luz daquelas flores, e graças a teu amor vive escuro em meu corpo o apertado aroma que ascender da terra. Te amo sem saber como, nem quando, nem onde, te amo diretamente sem problemas nem orgulho: assim te amo porque não sei amar de outra maneira, Se não assim deste modo em que não sou nem és tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho."



Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.

Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo.


Dois... Apenas dois. Dois seres... Dois objetos patéticos. Cursos paralelos Frente a frente... ...Sempre... ...A se olharem... Pensar talvez: “Paralelos que se encontram no infinito...” No entanto sós por enquanto. Eternamente dois apenas.


Quero apenas cinco coisas:
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.

Abro mão da primavera para que continues me olhando.

(isso é inacreditável. Lindo demais... lindo demais.)

domingo, 17 de maio de 2009

Céu mente



Da areia olho para o céu: meio nublado, meio ensolarado, como eu.
Como as projeções da minha mente.

Nuvens carregam tempestade, exagero de chuva, choro de Deus.
Outras relâmpagos, minhas fotografias; trovões, minhas enxaquecas.

Entre tantos buraquinhos de nuvens, pássaros sobrevoam: pequenos pontos de intuição.
E ao fundo, risadas, pedidos, e mais ao fundo ainda sobrou o infinito.

Será que somos o cérebro de Deus?
Neurônios a beira de um ataque de nervos,
acalmados com doses analgésicas de suspiros profundos?

Nuvens de maya, frio que me dá frio, vento que assopra meus pensamentos...
No horizonte um risco levemente curvado, curvas da terra, deitada, nua, esperando o sol toca-lá, matar a saudade de um dia separados... Ou de uma vida toda.

Ria de mim, laugh me.
I was tender: agora rezo para que as nuvens dancem, se movam, se dissipem dando lugar ao azulzinho, reflexo do nosso mar, ser vivo.

Eu e tu. Um.

O que é Yoga? - Sri Brahmananda Saraswati



Aquele que utiliza o corpo e mente de forma apropriada no tempo e espaço correto, com o objetivo único de fazer o bem ao outro, é um Yogi e está pondo em prática o Yoga.
Indiferentemente se ele ou ela têm consciência disso.

Não há como escolher usar ou não usar a mente. Só existe a possibilidade de escolha entre utilizar devidamente ou não, entre usar com intuito egóico, ou não.

Aquele que usa sua mente para reunir o coração da humanidade, não somente para unir coração do ocidente e oriente, mas experimentar essa união com toda a existência - é um yogi.

Yoga é o jeito holístico da vida, onde união e harmonia do corpo, mente e a alma ou consciência "Eu Sou", são fundamentais. Yoga possui muitas ramificações, incluindo formas e disciplinas espirituais, mentais e físicas. Na verdade, cada atividade na vida e yoga quando realizada de forma natural, de maneira harmoniosa, com total atenção, com o objetivo de equilibrar e unir o corpo, mente e espírito.

Mas qual seria a diferença entre ciência e yoga? Ciência lida com a realidade objetiva enquanto que yoga começa com uma realidade subjetiva até chegar na realidade transcendental. Ciência está envolvida com todos os tipos de descobertas e invenções enquanto que o yoga está interessada simplesmente na descoberta do descobridor, que significa a descoberta do estado alerta. Então você conhece todo o universo, objetivo e subjetivo, passado, presente e futuro, porque você está além do espaço e do tempo.

Hoje nossas velhas formas de viver estão morrendo, e a humanidade está indo em busca de uma nova verdade. temos a escolha entre a morte e a vida. Se preferimos morrer, aí então não precisamos fazer nada. Mas se optamos por viver, aí teremos a tarefa de modificar nossos corações, passando da desunião e desarmonia para a união e a harmonia.

Essa transformação é o trabalho do Yoga.


tradução: Miila Derzett, maio de 2008.

Para refletir



PORQUE ANIMAIS NÃO POSSUEM KARMAS?

(foto: meu negão, War.)

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Chovendo lá fora



Fim de tarde
Céu nublado
Parece que vai chover. Chover muito

Diminuo a batida do meu coração.
Aumento a batida do som do carro.
Muito bom.

Se dentro da minha cabeça coubesse uma janela
eu colocaria vidros anti ruídos, pra ficar só com o barulhinho do meu Om que lateja lá dentro.

Sentada no telhado das minhas meditações, meu lugar seguro, meu campo florido
onde me visto de palhaça, choro, sofro, sorrio.

Saem de lá perguntas, espaços que querem ser preenchidos com palavras gratas.
Se esse corpo é finito, como posso precisar tanto dele pra conseguir o que quero?

Esse é o melhor momento da minha aventura pelo mundo:
liberdade, maturidade, corrida a favor do vento.

Dispenso vácuo, dispenso freada, dispenso bipolaridade da realidade lá fora.
Quanta máscara! Quando nariz vermelho... quanto sofrimento.

Na minha transparência me perco, me acho, cresço.
Não estou sozinha: na minha solitude encontro amigos no mundo inteiro, poesia perdida,
Deus me ouvindo e me tranquilizando baixinho...

Momentos me alucinam, outros me tiram do sério.
Me sinto jogada ao lixo. Sinto, mas não estou.
Queria (no passado), gostaria (no passado), estava quase (no passado).

(telefone toca)

Melhor atender o telefone e ouvir quem adora receber minha atenção.

Dont forget to miss me



Olho pela janela, estrelas piscam pra mim
Uma esconde algum segredo, a outra apenas sorri.

Das dores, dos passos em falso, dos dias de chuva
Estou num espaço mágico, nunca imaginado.

Sitar me fascina, toca em mim como mão de mãe:
toque aveludado para meus ouvidos, me entrego, não brigo...

Estou numa rede, rede que me sustenta como o universo
Segura, com certeza que o tempo, quando mais leva,
mais perto está de chegar.

Da minha mão sai esse calor, intenso, que quer te tocar.
Teu rosto foge dos meus sonhos, porque não quer mais ficar somente lá.

O ritmo de Harry Manx me dá vontade de entrar em um trem...
Deixar as pernas pra fora do vagão, sentir o vento no rosto, olhar o horizonte que me tem.

Minha poesia canta, quer sair do papel e entrar nos ouvidos.
Te dizer que você está procurando fora, o que já está aí dentro escondido.


Fechei os olhos, fiquei entre o sono e o sonho.
Entrei em algum lugar onde não era permitido bagagem, muito menos o excesso.
Me despi, tirei os sapatos, esqueci de sentir falta de ilusões.
Pedi para meu ego se retirar, convidei coração para entrar comigo.
Segundos escuros; os seguintes, tanta luz que precisei de minhas mãos pra cobrir meus olhos que já estavam fechados.

Esqueci de voltar e dormi.


(foto: restaurante italiano em Castro, San Xico)

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Luv



Unless it has lots of love, deep reality and surrenders in it,
Don't you never ever dare to play with my soul again.

The meaning of love goes beyond salvation.
The meaning of love is far away from just an empty space that needs to be fullfilled.

Love means desire; means presence; means one.
Love is searching, finding a gift, and then taking care of that Gift.
Love is a blessing, not a game.

Love comes straight from the divine, love is you being mine.
Love is all my being connected with you in the same time.

So, please, be generous.
Unless it has lots and lots and lots of love in it, you can stay home.

Vivendo o presente



Vidya Mandir, dia 12 de maio de 2009.
Exercício anti vatisse. Pessoa com um livro dA Gita de 3 quilos + capítulos encadernados + umas 5 canetas coloridas. E o ipod, meu "appleberry".

Eis, depois da aula, algo em torno de 22hs da noite, que retorno às minhas anotações digitais e percebo que não fui na aula. Uma cópia fiel, com erros, digna de boas risadas, pois não entendi nada.

"
Cap 10
harmonia do universo
Equilíbrio entre os Vedas
equilíbrio harmônico
A ordem de Iswara
Ahamkara, o eu e os meus.

Ahamkara Mamakara

Ilusão ignorNcia
não estão gota de ishwara
Qdo deixo de olhar de fora e concentro no indivíduo

( eu estava concentrada no indivíduo)

ëh um produto fé
ahamkara mamakara

Capacidade do intelecto êh jnana, po
qquer motivo capacidade de nao
entender

(realmente, sigo viajando, olhando pro céu azul lá fora)

Samoha ilusão
Vc nao percebe o que a pessoa êh e da
uma interpretação da sua cabeça .

(oba, alguém percebe que o biscoito é recheado e não aerado)

Samaha êh a maneira de manter
o equilíbrio com paciência
Eu espero, aguento santih. Tolero sem sofrer.

babaha abavaha
Sofrimento e naum sofrimento
Medo
Um fator de Iswara
A qquer coisa posso perder

Abhayam
Eu faço meu máximo depois deixo
Apreciando a ordem cosmica fico livre de medo.

(boa, tô dentro)

Ignorância bhayam

Ahimsa
Samata se manter em equilíbrio
No ganho ou na perda, eu ganho
Coração se matém em equilíbrio sem
euforia, sem depressão
isso êh pequeno dentro do universo
Uma pequena situação dentro do todo

Santosha contentamento
tapaha disciplina, se empenhar em algo
danam dar algo que o outro vai dar. Sair
do ahamkara mamakara, doar, dar algo.
atitude, não o ato, mas o estado mental
. Ter uma força e se empenhar.
Uma atitude mental.

(finalmente consigo me concentrar, virando minha cadeira um pouco de lado.)

Respeitar o outro, respeitando vc
primeiro, pois seu corpo e sua mente são
presente divinos. Mas qdo abro mão e
vou além, vou mais além ainda.

Manus que são 4 rishis
Svariochista
Svayambhu
Raivata
Uttana
nascidos da mente de Brama
Funcionam como administradores de toda criação.

I am the origin of all. From Me all things evolve.
The wise know this and adore Me with all their heart.

Ver algo além (daquele rosto lindo quando medita)
Vê onda, areia espuma, mas enxerga água como o Todo.

(resposta pra mais uma pergunta: porque sou tão transparente?)

Vê o relativo e o absoluto tb. Deva e Iswara.

Esse é o samadhi do sábio.

"

Ao final da aula, torta de strawberry, desligo appleberry.
Ahimsa.
Levantei, e fui pra praia tentar ver água.




terça-feira, 12 de maio de 2009

IOGA e AYURVEDA por Dr. Vasant Lad


De acordo com a Ayurveda, a prática de ioga, que é uma ciência espiritual de vida, é uma medida muito importante, natural, preventiva para assegurar a boa saúde. Ayurveda e yoga são ciências irmãs. Na Índia é tradicional estudar Ayurveda antes de praticar ioga, porque Ayurveda é a ciência do corpo, e somente quando o corpo se torna adequado, considera-se que o indivíduo está preparado para estudar a ciência espiritual do ioga.

As práticas de ioga descritas por Patanjali, são muito úteis para a manutenção da boa saúde, felicidade e longevidade. Patanjali descreveu os oito membros da ioga e práticas iogue. São eles: o regulamento natural do sistema nervoso; disciplina, purificação, posições, concentração, contemplação, o despertar da percepção, e o estado de perfeito equilíbrio.

A ioga trás o homem para o estado natural de tranquilidade que é o equilíbrio. Assim, os exercícios iogue tem valor preventivo e curativo. As práticas iogues ajudam a trazer a ordem natural e o equilíbrio para os neuro-hormônios e o metabolismo endócrino, criando assim resistência contra o stress e das desordens relacionadas ao stress (tais como hipertensão, diabetes, asma e obesidade).

Ioga é a ciência da união com o Ser essencial. Ayurveda é a ciência do viver, da vida diária. Quando os iogues executam certas posições e seguem determinadas disciplinas, eles se abrem e movimentam as energias que se acumularem e se estagnaram nos centros de energia. Quando estagnadas, essas energias criam vários males. Os iogues podem sofrer distúrbios físicos e psicológicos temporariamente porque, no decorrer da purificação da mente, do corpo e da consciência, as toxinas causadoras de doenças são liberadas. Empregando os diagnósticos e tratamento ayurvédicos, os iogues lidam eficazmente com essas desordens.

Ayurveda indica o tipo de ioga que se adapta para cada pessoa, de acordo com sua constituição específica.

PITTA – não deve executar a posição sirsasana por mais de um minuto. Se o fizer, o resultado será desorientação mental.

VATA – não deve prolongar a posição sarvangásana, porque essa posição coloca peso demais sobre a sétima vértebra cervical. Essa vértebra é sensível e a delicada estrutura óssea de vata pode sofrer um desvio da coluna vertebral para o lado direito e medo reprimido redundará em um desvio para a esquerda.

KAPHA – não deve executar a posição da lótus oculta por muito tempo, pois essa posição causa pressão direta nas glândulas supra-renais.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Não sou vista





Não estou aqui, não com esse vestido cheio de flores
Mas meio inteira sem ele.

Não estou em letras de caixa alta, nem em itálico,
Mas nos três pontinhos

...

Não consigo ser vista como sou
Mas como quero ser bem recebida.

Não consigo falar, sequer caminhar direito
Nem perguntar sobre aquele momento.
Fico muda, fico estática, como num tadásana.

Não sou vista, não o vejo
Não tem onda, não teve sol, não tive dinheiro.

Não tenho mais celular, nem carro, não vejo mais meu corpo como antes.
Minha poesia tão tímida, tão cozida em medo e ao mesmo tempo tão crua.

Tiro os dedos do teclado, pego o lápis e desenho. Sol, uma casinha e corações.
Sinto falta de música no papel.

Não me desenho, não aprendi.
Não te desenho, não lembro mais de ti.

Hoje tudo tão rápido e tão linear.
Ontem meus dias passavam em telas de cinema.

Minha pele sente o vento, sente o barulho, sente a falta de tudo.
Sente que sente, chora, se recente.

Não sou vista, estou escondida.
Fico na estreita relação entre realmente fazer parte ou ser observadora disso tudo.

Quero me envolver em páginas de poesia
Quero rir, chorar, chorar de tanto rir
Quero o branco da folha, da tela, de toda minha razão.
Quero terminar essa noite, fechando os olhos, recomeçando com um sonho bom.

A paciência que não tenho



Parece um vício: preciso de combustível o tempo todo, de céu com nuvens flófis que possam me fazer viajar, de mar com cheiro de coisa nova, de pessoas ao redor tocando o dharma, sendo verdadeiros personagens, lindos seres, lindos! Mesmo de cara tortinha, mesmo falando sozinho, mesmo intolerantes! Adoro dar risada disso tudo, adoro saber que daqui um mês tudo muda, que daqui dez anos então!

Crianças que somos! Todos! Mas quantas vezes esqueço de rir, brincar, de se entregar e fico espiando pela porta. Será que a chuva só molha ou também machuca? Medo de trovão, volto pra dentro correndo... Aqui estão minhas melhores qualidades! Escondidinhos no baú, meus defeitos...

Meu espelho está quebrado em pedacinhos, e ontem eu tentava consertar, brincando de quebra cabeças. Dormi tarde. Sonhei que estava dormindo. Realmente, não dá pra fugir. Tenho que acreditar que estou onde deveria estar, confiar em histórias com final feliz sim. Difícil! Ainda mais eu, que sempre olho a vida com certa razão, interpretando cada meia palavra, cada vazio, cada ônibus que perdi.

Nossa, preciso de um tempinho. Falta paciência comigo mesma! Falta paciência com o significado das teorias, de como praticá-las. Acabou a paciência com aqueles que passaram me derrubando ano passado... Levanto todas as manhãs com a sensação de que não dormi, ou de que está faltando mais alguma coisa. Outro livro? Outra jantinha? Outra poesia? Outra tentativa???

Saudade da minha Guarda, saudade de caminhar, daquele friozinho da Prainha, da musiquinha do Biruta, dos meus amigos que ficam perdidos lá no sul, do surf na minha esponjinha... Guarda que guarda minhas histórias inteiras... saudade...

Abri um livro qualquer e me deparei com algo assim: "Fool. Again and again. As fool as you can be." Eu que levo tudo tão a sério, que acho que tudo é pra mim, que... caramba, realmente que desafio, eu, mais bobinha...

Só quero saber quem eu sou! Já não tenho mais paciência de olhar meu reflexo na vitrine, nem de procurar por ele nos olhos dos outros. Olhos andam fora de foco, pálidos, olhos andam opacos...

Medo.

Medo dessa carência toda, da mistura absurda de muita ansiedade, de tpms, de vida de solteira, de rotina de mãe, de filha, de ex, de uma eterna apaixonada pela vida, mas impaciente com a demora da chegada do meu novo amor.

Putz, tô sem paciência com meus textos. Muito chatos. Muito quadrados, vou buscar meu saco de hidrocor e tentar pintar essa foto.



(foto: céu sobre as Bahamas. música: YMA, Boozoo Bajou)

domingo, 10 de maio de 2009

Be there


"Mindfullness does not mean pushing oneself toward something or hanging on to something.

It means allowing oneself to be there in the very moment of what is happening in the living process.

And then, letting it go."

Chogyam Trungpa


(foto: Casey Family at sunset, Naples, Florida - To Carla, who is always teaching me to let it flow - te amo hermanita. You were born a yogini)

in love with the ocean in me






"There is so much magnificence
near the ocean...
Waves are coming in.
Waves are coming in..."


(by Steve Gold / Fotos do vídeo: Ipanema, maio de 2009)

sábado, 9 de maio de 2009

Preciso de um abraço


Meu pescoço está reclamando: muito tempo sentada lendo.
Meus olhos também fazem parte da campanha para que eu vá pra cama.

Mas queria estar presente e não deixar isso passar pro passado. E eu esquecer o que senti, no futuro. Essa foto fica no espelho do Ashram Yoga Society of San Francisco. Você acorda, vai até o banheiro, e acorda mais uma vez.

Hum. Interesting.

O pé na areia me deixa assim. Se eu pudesse, ficava sentada ali viajando, o dia todo. Perguntando, esperando a onda trazer a resposta. Perguntando, ouvindo o barulhinho do vento. Perguntando, mergulhando e dando aquele grito bom lá debaixo dágua.

Quando eu surfava (quando foi mesmo que eu parei?) eu era bem mais tranquilinha. O mar se encarregou sempre de me limpar, de me abraçar, tipo "vem cá, deixa eu te cuidar, deixa eu tirar de você aquilo que ficou grudado durante o dia, deixa eu tocar tua pele, te nutrir". Lá dentro, duas crianças. Eu e a água. Muito "jacaré", muita água saindo do nariz naquela ondinha que deu errado, muitos uhus quando dava pra sair dela lá no finalzinho. "alguém viu? Mano, tu viu?".

Meu irmão, que saudade dele.

(fui pro passado)

Agora (presente) o túnel (que não pára de falar) segue acordado. Minhas costas me avisam que exagerei no Adho Mukha. Li muita coisa legal essa noite. Li muita poesia, vi coração fechado se abrindo. Fiquei feliz. Gosto de ler o que me emociona, o que me faz perceber o quanto humana ainda sou, que ainda não virou maluquice esse local que me encontro, pensativa, o dia todo.

Conheci um pouco mais da alma dos poetas, linda, infinita como o universo, de pensamentos alucinantes, surreais, não imaginados. (Fui ao passado novamente e me permiti pedir desculpas baixinho, porque sei que você pode me escutar). Não conhecia, não sabia o quanto eu estava percebendo ilusão de minha mente cheia de traumas, achando que era realidade. Quanta névoa, coisas sem sentido! Admito... suspiro...

Suspiro (no presente). Tenho vontade de gritar porque as dúvidas são tantas! Maaaar! Vou voltar! Tô precisando de carinho, de abraço, de parceria! Eu e você fomos sempre Um! Te deixei, eu sei, mas vou voltar pra casa. Não agora porque é meia noite, mas... amanhã sim! (já estou no futuro novamente). Só você pode me tirar dessa nóia, desse sorriso as vezes forçado que visto pra sair lá fora. É saudade de você!

Hoje te espiei - lá no Leblon, depois da minha aulinha. Fui até o calçadão, você estava lindo! Azul! Brincando muito! Mas era difícil eu concentrar em você: muitas pessoas cegas e surdas entre você e a areia. Quase não consegui ver tua cor... enfim, volto amanhã.

Passado, presente, futuro se fundem agora, onde decido por um fim a essa guerra que travo comigo mesma todos os dias, e que quando não dá mais, travo com aqueles que amo a minha volta. Chega, cansei, acabou munição, bandeirinha branca na janela.

Quero correr pro abraço as 6 da manhã!

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Nossas vidas


A vida passa como uma cascata. Com a mesma velocidade que ela começa, ela termina.

Se você olhar a terra lá de cima, verá que a terra dá forma a água, mas que a água também desenha os contornos da terra.

Permita que a água, teu suor, teus esforços, levem aquilo que pesa sua alma. Permita que o que acontece hoje no seu coração seja maior e mais importante do que possa estar escrito em qualquer livro.

A transformção está acontecendo agora, e não dá tempo de ir buscar seus bens materiais em casa. Entra no caminho.

A transformação vem de todas as direções, vários vayus... de todas as direções prana, apana, udana, vyana e samana... Wow!

Acordem pessoas imersas em talento, em amor, em harmonia! Chega de medo, chega de dúvida. Amor que não cabe mais no coração e transborda em consumismo, hipertasking, pânico! Pânico da vida?

Deixa a cachoeira fluir... a vida precisa da sua integração neste exato momento.

Let's?

O que acontece quando flui


O que é um sorriso, senão uma emoção fluindo?
O que é um olho que chora, senão uma emoção pra fora?
O que é suor fazendo amor devagarinho, senão dois corpos sorrindo?

O que é abraçar querendo ficar ai pra sempre...
olhar e virar o rosto a tempo, senão emoção surgindo?

O que é deixar eu passar na frente e me cuidar pra eu não me perder, do que um
pequeno carinho?

O que é dar passos descoordenados e rir sem ter motivo senão seu corpo fluindo?
O que é o tempo que voa, o relógio que pula horas, senão a conversa fluindo?

O que é abrir o coração, contar tudo, quase chorar, desabafar, mostrar as feridas, se envergonhar, duvidar, aceitar, senão Vida fluindo?

(foto: corpo, mente e espírito fluindo no Yoga Tree, em San Francisco. E as poesias... fluindo)

quinta-feira, 7 de maio de 2009

A tristeza de Arjuna


"A tristeza de Arjuna, como tristeza, não perdurou. Tornou-se alguma coisa deveras diferente. Primeiramente, ele sucumbiu e, em seguida, indo além da guerra, dos reinos, do Dharma e Adharma, ele quis saber o sentido de tudo isso.

Arjuna era uma pessoa especial, que vivia uma vida de integridade moral. Não precisava por-se à prova para ninguém. Sua tristeza era a tristeza de uma pessoa amadurecida que se sentia sem qualquer controle sobre as situações de sua vida.

Arjuna queria evitar a luta em razão da destruição envolvida, mas não podia - uma situação, na verdade, muito sombria.
Sua tristeza levou-o à apreciação de certo problema humano fundamental. Por essa razão, ele solicitou o conhecimento que resolveria este problema. A tristeza de Arjuna não se assemelhava, por exemplo, à dor de depressão. A depressão nasce da raiva, da raiva da infância...

Depressão não era o problema de Arjuna. O problema de Arjuna é aquele no qual as realidades têm de ser devidamente entendidas. O problema tem de ser tratado de duas formas: primeiro, ao nível de onde ocorre, e também tem de ser conduzido de um modo cognitivo.
O problema de Arjuna é sobretudo um problema ético, moral e espiritual. Naturalmente, todos os problemas têm algum conteúdo emocional.

Aqui, embora o problema seja também emocional, a moralidade é predominante, não a emoção. De fato, a diferença entre as duas espécies de problemas depende do que predomina - a emoção ou a moralidade, estando ambos os fatores ligados ao ser. Arjuna tinha que reavaliar, por completo, seu pensamento. Cognitivamente, ele tinha de mudar tanto a visão de si-mesmo e do mundo, como as suas noções acerca da morte e da destruição. Tudo tinha que ser reexaminado."

Swami Dayananda Saraswati

http://www.vidyamandir.org.br

quarta-feira, 6 de maio de 2009

O que eu não aprendo


Hoje parei: parei de correr e chorei muito. Choro compulsivo, choro de desandar mesmo.
Coisas que vão enchendo garganta e acabam transbordando.

Num segundo dia de Rio de Janeiro, já tomei umas bem desnecessárias, a não ser pelo amadurecimento que causa depois de feridas devidamente tratadas com palavras rejuvenescedoras de amigos (as) verdadeiros (as). Não consigo com agressividade sem fundamento. Não consigo, simplesmente saio de campo. Fujo. Sofro...

Tem coisas que juro, juro que queria saltar da cama e já entender, ou tomar um copo d'água e sair espalhando conhecimento. Mas coisas bem simples não aprendo: por exemplo, a não cutucar casinha de marimbondo. Bichinho sai zunindo, e não adianta gritar "namastê, namastê" que ele vem cravando ferrão e não quer nem saber!

Não aprendo a ficar quieta, silenciar quando mais preciso. Fico inquieta, fico querendo respostas, fico querendo provar, querendo ser querida, querendo ser gentil, querendo ser uma Miila certinha e toma! Toma mais uma, e mais outra!

Burrinha, bem burrinha, bem burrinha mesmo. "Estudou tanto!" como diz Dona Nilza, minha mãe. Pra quê? A verdade é que não consigo gravar nada, a não ser sentimento. Então quando dou aula, falo através das minhas experiências, e não através das experiências dos outros, mesmo que esse "outros" sejam os maiores mestres do Yoga. Estudo, leio e me curvo diante deles, mas somente minha vivência me dá coragem de compartilhar. Me dá chão, me dá água nos olhos, me dá o suspiro do aluno na entrega no savásana.

Não sei cantar em sânscrito. Não sei nome de posturas em sânscrito. Não sei dar nomes aos bois. Não sei colocar as perninhas pro alto e fazer cara de bonita pra foto. Não sei...

E hoje me senti incapaz de continuar. Incapaz de ver minhas 89 crianças amanhã e cantar o Gaiatri com elas, porque parece que não sei mais nada, que fiquei perdida no meio do mato, porque questiono se isso é ou não é yoga! E não quero mentir, não foi pra isso que renasci depois de 30 anos. Sempre achei que tinha um porquê, que havia algum sentido...

Talvez você esteja certo(a), talvez não tenha. Talvez eu esteja dançando e me justifico achando que vou chegar a algum lugar. Talvez seja só adrenalina, pura química corporal, e acho que estou dando passos a algo mais transcendental.

Vou meditar, ou, simplesmente sentar e pensar no assunto. Vou consideravelmente dar um passo pra trás. Tentar me olhar de costas, testemunhar meus sonhos, minhas apostas. Chorar mais e mais e mais até que minha respiração peça um tempo. Isso, quero esse tempo pra mim, esse vácuo, esse entre uma coisa e outra, esse espaço.

E só sigo remando quando estiver pronta a desaprender e entender o lugar do yoga no julgamento, na crítica, na aspereza. Quando eu conseguir compreender o yoga no ego, o yoga na imaturidade, o yoga quando se esquece de agradecer.

Recomeçarei um dia, agora quero correr pro colo de Deus. Quero simplesmente desistir.
Um dia, talvez, recomeçarei.


Yoga Sutras of Patanjali
Sutra I

Atha Yogasanusasanam
(Agora, o ensinamento do yoga)

Yoga significa...



(foto: andando muito rápido as 5h45 da manhã, indo para aula em San Francisco)

terça-feira, 5 de maio de 2009

May, 1st



Quero que caiam as folhas do outono
encrustradas de idade, de história, de visões.

Porque nelas moram as pessoas que caminham nas ruas sem direção.
E porque nelas morrem pra renascer um novo coração.

Quero que a árvore fique lisinha, sem roupas, sem ego,
dando espaço devido para pequenas flores brotarem sem medo.

Suas raízes fortes, pálidas, soterradas de coragem. Galhos longos como que em posturas de yoga. Tronco fluindo dando, ou não, colo para um ninho.

Árvores se olham, árvores são presentes e estão presentes, num caminho entre meus pés e as nuvens. Acomodadas, entre outras árvores.

Como eu e os outros.

In_verso



penso em você o tempo todo.
mas preciso reconhecer que
a pedra que insisto ver em você,
na verdade,
deve estar dentro de mim.



(foto: Pedra que surge na raíz de uma árvore, Central Park, NYC)

Para músicos de olhos azuis



Será que você consegue medir o som do amor?
A vibração do calor que nasce no umbigo,
a ansiedade do peito
o vermelho das bochechas?

Será que você sabe cantar a letra do que se pensa e não se fala,
a língua que meu corpo fala?

Será que você pode tocar as notas que foram jogadas ao vento?
E as pegadas das ruas que ainda não passamos?

Existe um som feito de silêncio
o barulhinho infinito da meditação
e o ruído que vive nos momentos mais
profundos do meu sono.

E se você conseguir ainda viver nos meus sonhos
será capaz de tocar minha alma.

Sem precisar de um violão.

(foto: Vejo um coração... Museum of Sex, NYC)

Poets


Are not like regular moist
They can dive deeply
They are made of love
They know how to surrender

They can even go to hell and make a collect call begging God to become Godess.

Poets are not like us.
Poets are the om.

And nothing more."

by Miila and Shiva Rea

(foto: sunset at Sorasota Beach, Florida, 2009)

Radiance Sutras by Lorin Roche



"The emptiness of space permeates the body and all directions simultaneously.
Space is always there, already there before your noticing it.
What we call space as a presence that is more solid foundation than the firmest granite.

Space is permission to exist and worlds within which to express.

Without thinking about it,
without forming mental images of it,
rest in this vast expanse
and become friends with infinity."

Expiração


21 dias de retiro
889 fotos
38 horas de vôo
muitas milhas entre NYC, Florida e San Francisco

74 horas de prática de yoga
26 poesias criadas
muitas marcas
muitas enchentes
muito silêncio. muito



Muito sorriso, muita lágrima, muita câmera largada.


Batidas, entrega humana, arrepio, Stomp!


Muita comida sem sentido em total harmonia com o meu "ah, deixa pra lá"


Um Puja surreal, com uma enchente de sentimentos, de emoções, de contentamento.


O arrependimento de ter julgado, e dos olhos de Shiva, ter se conectado com sua simplicidade.


Mascando um chiclete no MOMA, depois de Klint, antes de Monet.


aPROPiada, acalentada, nos braços de Jujudith Lasater, da restaurativa.


Imaginando todo mundo em paz, num campo de morangos, eternamente...


Muita comida orgânica, no Food and Thoughts, em Fort Myers, Florida


Procurando flores, encontrando espinhos, se contentando com perfumes imaginados...


Abraçando um anjo, sorrindo com um anjo, se sentindo abençoada por um anjo.


Aprendendo a simplicidade de Dharma Mitra, que queria me dar carona no seu carrinho de duas rodas.


Uma corrida-caminhada-corrida no Central Park, numa manhã muito fria, mas com 7 mil corações quentes na largada.


Muita maçã, muito céu e muito arranha céu. Muita luz e muita sombra.

Muita exaustão, raiva e depois, arrependimento. E rendimento...

Muitas árvorezonas e arvorezinhas querendo também alcançar o céu.


Muita reflexão entre ser ou não ser, entre cielo o el infierno.


Muitas pessoas. Muita comunicação virtual, muita falta de contato pessoal. Mas muitas outras no coração, nascendo ou renascendo, cuidando, se importando. Outras, nem tanto, mas mesmo assim, agradeço. Pelo caminho, amigos, eternamente fluindo comigo:

Lise (POA), Adaeze(Africa), Angela (Atlanta), Carla (Venezuela), Sky ( San Francisco), Patrick (San Francisco), Marcelo (Minas), Sr e Sra Sharma (Índia), Anna (Nepal), Nicole (San Francisco), Helen (Chicago), Zir (Nova Zelandia), Caroline (LA) e os professores Dharma Mitra, Judith Lasater, e com muito admiração, respeito e carinho, Shiva Rea.

Namastê.

domingo, 3 de maio de 2009

Se entrega!



Quem é você?
Quais são os seus mantras?

Passado, presente e futuro.
Teus mantras durarão uma eternidade. E seguem te esperando.

É inevitável virar as costas para as tuas letras! Deixa elas te escolherem e se entregue a dança!

Vá mais e mais fundo, mergulhe!
Busque por mais liberdade... Vá encontrá-la, pois o abraço será grande...

Não seja irresponsável assim, deixando-a esperando sem hora marcada pra chegar!

Vá! Derrame sua vontade, acabe com as desculpas, chega de "quem tem a culpa".

A liberdade tem estado do teu lado como uma sombra, mesmo que quase que nada durante os dias sem sol.

Mas ali, aguardando seus braços abrirem até tocá-la, aguardando para ser compreendida e toda sua paixão entregue, para então andarem de mão juntas.

O presente está aqui - aceite-o, desfrute-o.

Será bonito perceber que o tempo todo você já merecia esse espaço infinito, esse descanso de tanta dúvida, essa certeza do amor verdadeiro de você por você mesmo!

Esse som é seu. Silencie, desfrute... Se escute.

(foto: subway San Francisco)