POESIA & INSIGHTS
"A poesia não é minha. É como o vento, que só passa através de mim." Chico Xavier

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Gota d'água


Já lhe dei meu corpo, minha alegria.
Já estanquei seu sangue, quando fervia...

Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta
Pro desfecho da festa

Por favor
Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa

E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água...


Música de Chico Buarque.
Foto Arpoador às 5h30

Qual o sentido?


Se a gente não tivesse feito tanta coisa
Se não tivesse dito tanta coisa
Se não tivesse inventado tanto
Podia ter vivido um amor grand' hotel

Se a gente não fizesse tudo tão depressa
Se não dizesse tudo tão depressa
Se não tivesse exagerado a dose
Podia ter vivido um grande amor

Um dia um caminhão atropelou a paixão
Sem teus carinhos e tua atenção
O nosso amor se transformou em "bom dia"

Qual o segredo da felicidade?
Será preciso ficar só prá se viver

Qual o sentido da realidade?
Será preciso ficar só pra se viver

Só pra se viver?


Música de
George Israel/Paula Toller/Lui Farias
Foto por do sol em Naples

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Pura realidade




Laurin Hill, diz uma das coisas mais lindas que já ouvi numa música:

"Fantasy is what people want,
but reality is what they need.
And I am just retired from the fantasy part."

Eu também.



foto: eu em supta badha konásana no Jivamukti em Toronto.
música: "Adam lives in theory", de Laurin Hill (versão acústica é fantástica)

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Chuva que lava minha alma,
e a tua também,
e a água que escorre de nós corre pro mar.

E vira oceano de um só.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Onde começa e onde termina meu Dharma?


Parada na janela do meu apartamento no sétimo andar da rua Djalma Ulrich, observo a ambulância passando lá embaixo.
A pergunta que veio foi: quem será que está lá dentro?

E a resposta imediata foi: "quem está dentro, é você."

E por instantes visualizei o que seria a visão de mim mesma se eu fosse aquela figueira enorme que está na praça em frente ao prédio que moro.

Ela me vê, sugere uma transparência porque dessa natureza não posso e não conseguiria esconder nada. Ela encontra uma menina tentando ver as estrelas, segurando com as duas mãos a tela que serve para proteger, mas que ao invés disso, dá nó na garganta.

Mas a vista que eu tenho é de uma pássaro engaiolado. Livre está ela, a figueira, mesmo numa praça deprimente, ela está ali, dentre outras árvores, na árdua missão de filtrar a poluição dos carros que passam pelo túnel Sá Ferreira.

Da minha janela vejo tristeza nas outras almas. No edifício vizinho, uma briga de casal - dois passarinhos que deveriam estar voando, mas que se aprisionam em nome de leis e regras que não sabem nada sobre eles...

No outro apartamento, “apertamento”.

No outro ainda, uma tela gigante, vídeo game por horas, mesmo quando o céu azul e quente insiste invadir a sala, mas que falha, por conta das cortinas pesadas e fechadas, como pálpebras que não querem ver o mundo.

Mas qual a diferença entre eu, consciente disso tudo, e o moço do vídeo game, que prefere dar uma fugidinha e entrar noutro mundo? Reflito sobre o que me deixa aflita: esse dharma é estar preso ao que me regra e me faz andar numa pré programada trilha, como se eu fosse o personagem daquele jogo de vídeo game?

Ou meu Dharma pode ser pegar a mochila e abraçar o mundo eliminando essa tela entre eu e ele?

...e na frente da minha mesa, uma foto enorme da Guarda do Embaú.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Guaranteed


On bended Knee is no way to be free
Lifting up an empty cup I ask silently
That all my destinations will accept the one that's me
So I can breath

Circles they grow and they swallow people whole
Half their lives they say goodnight to wives they'll never know
Got a mind full of questions and a teacher in my soul
And so it goes

Don't come closer or I'll have to go
Owning me like gravity are places that pull
If ever there was someone to keep me at home
It would be you

Everyone I come across in cages they bought
They think of me and my wandering but I'm never what they thought
Got my indignation but I'm pure in all my thoughts
I'm alive

Wind in my hair I feel part of everywhere
Underneath my being is a road that disappeared
Late at night I hear trees they're singing with the dead
Overhead

Leave it to me as I find a way to be
Consider me a satellite forever orbiting
I knew all the rules but the rules did not know me

...


Eddie Vedder




sábado, 16 de janeiro de 2010

Poema de cara














Poema sem muita graça, sem rima, sem pirraça.
Poema pra tu pegar pra tu, pôr no bolso e dizer que tem um.

Um poeminha que não fala de desgraça.

Esvaziei as latas. Na verdade nem comprei nenhuma lata.
O dinheiro que tinha não coube num único bit da calculadora.
Essa danada que calcula tudo, até "dora", o feminino de dor.

Esvazio, então, a xícara de chá.
Escuto uma violinha ao fundo,
tão envergonhadinha que não sei dizer de quem é.

Perco o controle da direção mas não bati na curva.
Caí numa rua mal iluminada porque disseram que ali tem sentimento bom.
E sentimento bom gosta de uma tela de cinema.

Pouca luz. Caixa preta.

Sonho estar perto da tua orelha, toda perfeita,
em forma de ponto de interrogação.

Sonho de olhos abertos, um sonho bom.