sábado, 10 de outubro de 2009
Filme remendado
Eu tenho andado como fita de vídeo locadora de quinta: rebobinada.
E não há nada de errado em ficar retrocedendo o tempo todo, mesmo que não completamente cedendo, mas me envolvendo em julgamentos que são infinitos quanto a minha pessoa.
As janelas da alma bem abertas: as portas bem abertas: ouvidos estalados, se é que podem ficar assim. É uma fluidez de sinais, frases prontas, teorias, shastras, dharsanas, upanishads, versos, aforismos que só eu sei. E tudo se encaixa e tudo faz sentido por apenas alguns minutos. Depois vai sei lá pra onde.
E me enveredo em mais dessas pílulas, alguns textos de Edgar Allan Poe, alguns poemas de Mário Quintana, e a voz de Satya Sai Baba. Nela me encontro, nela suspiro e me abraço.
Engraçado esse estado sem graça. Estado parado, de agonia e silêncio ao mesmo tempo.
Meu namorado some, celular não tem sinais. Meu coração ronca, minha garganta não arranha, mas também não canta mais.
Meus cachorros lá fora me olham e suspiram. Queria ver o que eles conseguem ver.
Os meus olhos saíram para o feriado, unidos aos meus ouvidos estalados, e o que ficou foi um pouco de olheiras, sono, cobrança, insegurança, som desafinado, como cordas arrebentadas de uma sitar.
Foto: Deixando o céu pra trás, em Denver, Colorado 2003.
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