POESIA & INSIGHTS
"A poesia não é minha. É como o vento, que só passa através de mim." Chico Xavier

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Dos ombros


Ombros caídos:
Para alguns, timidez.
Outros examinam como proteção.

Das vezes que tive os meus entregues aos pés, significou a porta da frente fechada para estranhos mas, a das costas, completamente aberta, entregue, confiante.

O combustível foi amor, mas foi um amor astuto, onde só quem teve olhos de ver, pode perceber.

Ou aqueles que vinham atrás de mim, cuidando dos meus passos, me protegendo, como guarda-corações, ao invés de guarda-costas.

Os que vieram pela frente julgamentos; me viram somente vestida. Vários papéis, porque assim escolheram me enxergar.

O que veio pelas costas, passou a mão nas minhas feridas. Algumas arderam e eu reclamei - mas o toque suave aquietou o sentimento ardido, como cachorro de rua que ficou cansado de ser maltratado e foge quando estendem-lhe a mão.

Meus ombros pra frente são os que tenho há 34 anos: minha porta dos fundos está aberta, por lá fluem sentimentos transparentes, tudo aquilo que se pede, mas quando chega, ops, hora dele dar o fora.

O coração tem todos os lados. Engana-se quem só permite a visão da frente, bom para os que, insatisfeitos, dão a volta na casa querendo encontrar a porta dos fundos.



Foto: Cinco da manhã, aterro do Flamengo, RJ. Para Rodrigo, meu guarda tudo.

Um comentário:

Rodrigo Cota disse...

Amo-te como nunca pensei ser possível. Em cada pedaço seu vislumbro o Todo do Universo, em cada demonstração de sentimento um farol que ilumina o caminho do meio, o Tao. Vc faz parte de mim e espero ser parte de vc pra sempre presente.