POESIA & INSIGHTS
"A poesia não é minha. É como o vento, que só passa através de mim." Chico Xavier

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Onde começa e onde termina meu Dharma?


Parada na janela do meu apartamento no sétimo andar da rua Djalma Ulrich, observo a ambulância passando lá embaixo.
A pergunta que veio foi: quem será que está lá dentro?

E a resposta imediata foi: "quem está dentro, é você."

E por instantes visualizei o que seria a visão de mim mesma se eu fosse aquela figueira enorme que está na praça em frente ao prédio que moro.

Ela me vê, sugere uma transparência porque dessa natureza não posso e não conseguiria esconder nada. Ela encontra uma menina tentando ver as estrelas, segurando com as duas mãos a tela que serve para proteger, mas que ao invés disso, dá nó na garganta.

Mas a vista que eu tenho é de uma pássaro engaiolado. Livre está ela, a figueira, mesmo numa praça deprimente, ela está ali, dentre outras árvores, na árdua missão de filtrar a poluição dos carros que passam pelo túnel Sá Ferreira.

Da minha janela vejo tristeza nas outras almas. No edifício vizinho, uma briga de casal - dois passarinhos que deveriam estar voando, mas que se aprisionam em nome de leis e regras que não sabem nada sobre eles...

No outro apartamento, “apertamento”.

No outro ainda, uma tela gigante, vídeo game por horas, mesmo quando o céu azul e quente insiste invadir a sala, mas que falha, por conta das cortinas pesadas e fechadas, como pálpebras que não querem ver o mundo.

Mas qual a diferença entre eu, consciente disso tudo, e o moço do vídeo game, que prefere dar uma fugidinha e entrar noutro mundo? Reflito sobre o que me deixa aflita: esse dharma é estar preso ao que me regra e me faz andar numa pré programada trilha, como se eu fosse o personagem daquele jogo de vídeo game?

Ou meu Dharma pode ser pegar a mochila e abraçar o mundo eliminando essa tela entre eu e ele?

...e na frente da minha mesa, uma foto enorme da Guarda do Embaú.

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