POESIA & INSIGHTS
"A poesia não é minha. É como o vento, que só passa através de mim." Chico Xavier

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

muy rapido qué mi perdió - ou algo assim

Escrevo tímida, pequenininha, uma observadora silenciosa, quase que detetive de mim mesma. Me escondo atrás dos muros pixados de Buenos Aires, o grafite acaba por falar o que sinto. Um eco que não grita, uma dança que ficou parada com sotaque de anjo argentino. A coragem de um ganesha por fora com a timidez de uma menina imatura por dentro. Assim que fui quando percebi que a vida passa feito trem bala e que só gritando ela não pára para você embarcar. Por mais que seu dedo permaneça esticado é como se ele nunca estivesse tido consciência de suas intenções - então ninguém sabe que você está pedindo carona. E você acaba dando carona. Quanto mais carona, mais pesado, quando mais pesado mais a vida bala vai deixando você a passos de tartaruga.

E me mantive assim, escalando um enorme muro, com o ar pesado e úmido, sem perceber que ali do lado haviam túneis com linhas verdes, vermelhas e azuis. Mal sabia eu que a da bem aventurança era a verde que me fez juramentos sem assinar contrato algum. E lá pela estação cuatro mil e vinte e cinco, pude ouvir de longe sinos que tentavam me acordar sem que tivesse batendo vento algum - os vayus de um amor desapegado eram suficientes. Mas assim estava eu cega de medos, sem imaginar um outro caminho, continuava a tentaviva de escalar o muro mais alto. Uma caroneira cega, que preferiu por alguns instantes não mais enxergar a luta pois ela estava ficando exaustiva demais.

Ontem acho que parei. Hoje acho que parei mesmo. Talvez amanhã tenha certeza de que me dissecando mentalmente assim, de fora, de longe, de outro país, seja mais interessante me rotular como aquela que não passou no teste. Sem problemas, no próximo e peço cola ao vizinho.

E tomo a linha verde.


(foto: Buenos Aires, em 2007)

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