POESIA & INSIGHTS
"A poesia não é minha. É como o vento, que só passa através de mim." Chico Xavier

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Janela da alma



Existe um homem parado na porta.
Mas não é um hominho; é um homem de verdade.

Não traz nada na cestinha da bicicleta, simplesmente porque não há cestinha na bicicleta -
a cestinha cheia de sensibilidade está muito bem guardada no meio do peito.

Tem um homem parado na porta: remexe na mochila, procura o que não sai quando abre os fechos - está onde abre a porta.

Tem um homem de bicicleta parado na porta: faz caretas quando fala, enruga a testa na certeza, autêntico na saída, perfeito na sobrevivência.

Homem chega inteiro e sai inteiro, intacto, não tocado, a não ser por meu perfume, que como o de flor, chega de longe e fica colado na memória.

Homem lindo que não toca no interfone, distante invade meu sono; com medo evita meu olho, prefere ter a pele lida pela água do mar.

Homem indo, homem vindo, meu amigo mais preto do que branco, sai da porta!
Entra pela janela. Janela que parece fechada, mas janela que nunca esteve trancada. Janelinha da minha alma.

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