POESIA & INSIGHTS
"A poesia não é minha. É como o vento, que só passa através de mim." Chico Xavier

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Vai e Volta e o que existe entre um ponto e o outro




Me passa a borracha por favor.
Parece que já li, ouvi e vi essa história antes. Talvez eu apague um pedacinho pra ver se ela se reinventa no próximo século e vira frisson na literatura ou no cinema.

Foi Paulo Coelho quem contou que, sentando na pedra ele sentava e chorava. Deu a volta no mundo todo pra entender que debaixo da bunda dele estava o tesouro que tanto procurava.

Depois de um certo upgrade intelectual meu, fui assistir O poder além da vida, e Nick Nolte (só gravo pelo nome dos atores, e nunca pelo personagem, por isso parei de ver novela) fez o garoto perfil americaninho de fuleiro fanfarrão e que de repente tem o clique, subir uma montanha e achar uma pedra (olha a pedra novamente) pra entender que o "que ele tanto procurava estava dentro dele, e não esperando em algum lugar no final da caminhada".

Dammit! E eis que no livro de Herman Hess Sidharta Gautama, o mesmo drama encontra os olhos meus. Saindo desenfreado mundo a fora, procurando do lado de fora o que, no fim da história (vida) descobre estar debaixo do nariz dele, vai Sidharta aproveitar tudo de bom que o mundão oferece praqueles que ainda acreditam estar perdendo alguma coisa quando resolvem se ENTREGAR*. Buscando o efêmero, as coisinhas que me fazem tinhoso (a), os cheirinhos, estímulos visuais do que é bonitinho (a), para que, peloamordeDeus seja mais fácil o processo até eu cair na cama e acordar uma nova mulher (homem).

(porque será que temos vontade de tomar banho quando fazemos besteiras e queremos nos livrar delas?)

*Entregar-se: ao silêncio, ao amor, a vontade de casar e ter mais filhos, a permissão de parecer brega porque a vida toda esculhambei quem quis casar e ter filhos e agora percebo o vazio se instalando; a troca da solidão no meio de uma multidão, pela solitude boazinha abraçado no ar condicionado.

Não saio mais do lugar: fui parar em Oahu, SanFranscisco, procurei em Nova York, em Buenos Aires. Fui pra Salvador que não salvou dor alguma; depois Guarda do Embaú, Ferrugem, Garopaba, Portinho, Novo Hamburgo, vulgo Nóia. na Georgia visitei o Elvis, fiz perguntas mas parece que ele dançou. No Alabama, Mississipi, Arizona, Los Angeles, Tijuana, San Diego, e Miami que nunca me amou. No Chile fui parar no Paraguai. Em Recife resolvi me perder na Uruguaiana. E depois Nova York novamente, pra ter certeza do que eu ainda não tinha certeza:

De que, entre a ida e a volta, existe o que nunca bate a porta.
Aquela (e) que fica quietinho esperando eu dar uma chance e me entregar.

E aquela criança que eu tanto procuro, que perdi com medo do escuro, de tanto dar voltas no mundo, não está longe, nem dentro de mim.

Está entre um extremo e o outro: aqui do lado.

A criança dentro de mim, refletida nos olhos de um filho meu, esperando a hora de poder voltar a brincar.

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