POESIA & INSIGHTS
"A poesia não é minha. É como o vento, que só passa através de mim." Chico Xavier

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Não sou vista





Não estou aqui, não com esse vestido cheio de flores
Mas meio inteira sem ele.

Não estou em letras de caixa alta, nem em itálico,
Mas nos três pontinhos

...

Não consigo ser vista como sou
Mas como quero ser bem recebida.

Não consigo falar, sequer caminhar direito
Nem perguntar sobre aquele momento.
Fico muda, fico estática, como num tadásana.

Não sou vista, não o vejo
Não tem onda, não teve sol, não tive dinheiro.

Não tenho mais celular, nem carro, não vejo mais meu corpo como antes.
Minha poesia tão tímida, tão cozida em medo e ao mesmo tempo tão crua.

Tiro os dedos do teclado, pego o lápis e desenho. Sol, uma casinha e corações.
Sinto falta de música no papel.

Não me desenho, não aprendi.
Não te desenho, não lembro mais de ti.

Hoje tudo tão rápido e tão linear.
Ontem meus dias passavam em telas de cinema.

Minha pele sente o vento, sente o barulho, sente a falta de tudo.
Sente que sente, chora, se recente.

Não sou vista, estou escondida.
Fico na estreita relação entre realmente fazer parte ou ser observadora disso tudo.

Quero me envolver em páginas de poesia
Quero rir, chorar, chorar de tanto rir
Quero o branco da folha, da tela, de toda minha razão.
Quero terminar essa noite, fechando os olhos, recomeçando com um sonho bom.

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